quinta-feira, junho 05, 2008

Luta pela sobrevivência

A disputa interna do PSD terminou com a vitória esperada de Manuela Ferreira Leite, tornando-se assim na primeira mulher a alcançar a liderança de um partido político em Portugal. E as novidades ficam-se por aqui.

A campanha, apesar do inusitado mediatismo que a imprensa dá sempre à luta pelo poder no PSD, não foi capaz de trazer para a agenda política ideias novas ou políticas alternativas. E nesse falhanço que foi transversal a todos os candidatos, a nova líder também saiu a ganhar. Basta recordar a sua relutância inicial em fazer campanha, o que por si só já diz muito do seu perfil introspectivo e da sua incapacidade de transmitir emoções, essenciais à política.

Ferreira Leite vem devolver o seu partido ao passado cavaquista, a uma memória do que já foi, e por isso fica remetida a um futuro comprometido com as inevitáveis comparações que daí advêm. Tal como fica intimamente responsabilizada pelo profundo fracasso de que se revestiu a sua acção governativa no mandato de Durão Barroso, actual José Manuel. Após apregoar uma imagem de controlo das contas públicas e de severa responsabilidade deixou-nos um défice superior a 6% como legado. Legado esse que foi eliminado pelo seu adversário, o nosso camarada José Sócrates, que certamente terá todo o gosto em lhe explicar como se faz.

E este é um ponto essencial da discussão que advirá. O PSD actual, em busca de uma ideologia, não é adversário à altura de um Partido Socialista reformador e inovador. O PSD, nesta altura, deveria preocupar-se em fazer uma catarse interna, espantar os seus males e arrumar a casa. Sob a ameaça de desaparecer da cena política portuguesa. Neste momento, é um partido que luta pela sobrevivência, incapaz de gerar propostas políticas, limitando-se a criticar por criticar um Governo corajoso em afrontar poderes instalados, determinado em criar melhores condições de vida aos portugueses, empenhado em diminuir laxismo e burocracias, a apontar baterias à resolução de problemas deixados em herança por uma maioria de direita.

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