quarta-feira, outubro 01, 2008

Investimento Público - Sim ou não?

Está novamente na ordem do dia questionar os grandes investimentos públicos na agenda do Governo, com o argumento (desta vez) da crise financeira que assola o mundo. E continua-se a confundir alhos com bugalhos, pois a crise é global, sim , mas em Portugal, até à data, teve uma influência quase nula na sua génese, a actividade bancária e respectivos produtos de investimento. A banca portuguesa, na sua generalidade, tem uma fraca exposição aos activos ameaçados pelo crédito subprime, bem como têm vindo a realizar aumentos de capital sucessivos por forma a aumentar os seus rácios de solvabilidade, em sintonia com o exigido pelas instâncias europeias, nomadamente os acordos de Basileia.

Vamos a factos: nas últimas décadas, o investimento tem sido determinante para o crescimento económico e para contrariar os efeitos de crises, estagnações e recessões. Sempre que se avança com projectos de grande envergadura, com fundos provenientes do Orçamento de Estado ou da União Europeia, gera automaticamente a criação de emprego, investimentos privados associados e aceleração da economia. O investimento público e o PIB aumentam em sintonia, foi assim com os Governos, primeiro de Cavaco Silva e depois de António Guterres, com máximos de 6,4% de investimento público, respectivamente em 1985 e em 1997 (em vésperas da Expo 98, que também na altura muitos questionaram a propósito do seu sucesso, lembram-se?)

Avancemos um pouco: porque razão deveria o Estado deixar para a iniciativa privada a realização de investimentos que se caracterizam por rendimentos crescentes á escala? E neste caso podemos incluir infra-estruturas (estradas, portos, aeroportos) que, em alguns casos, tendem para uma posição de monopólio, deixando à inteira disposição dos privados o estabelecimento dos preços pelo respectivo usufruto, sem qualquer contrapartida financeira para o Estado. Quando a Direita (e individualidades nacionais com algum crédito) se opõem ao investimento público, quem é que estão a defender? Por razões históricas, como facilmente se constata, não são os interesses do povo português certamente.

1 comentário:

Irreligious disse...

A questão é que o PS de facto tem falhado em mostrar aos Portugueses os (enormes) benefícios do investimento nas ferrovia nacional (vulto TGV), creio que devemos assumir isso.

Mesmo no Site do Ministério das Obras Públicas, os estudos disponibilizados são.. parcos em informação - tive de enviar um mail para lá para me responderem que a linha iria ser construida efectivamente em bitola Europeia.

E não há informação sobre os benefícios que a linha poderá ter no transporte de mercadorias.. e são tantos...!

Enfim.

Físicamente, onde é a secção de Belém do PS?

Cumprimentos!