quinta-feira, junho 26, 2008

Ainda o BPN

Ainda a propósito das eleições do Conselho de Administração do Banco Português de Negócios, envolvida em polémica, e podemos recordar os factos:
- a recusa do BCP em continuar a pagar uma pensão vitalícia a Miguel Cadilhe;
- a inclusão na lista vencedora de um Administrador com uma pensão de invalidez;
- bem como de outro, vindo directamente da CMVM, responsável pelo pelouro da supervisão da gestão de activos, que por acaso está a investigar o BPN, após denúncias várias de accionistas, principalmente sobre utilização de sociedades offshore em aumentos de capital.

Importa referir aqui o seguinte: não havendo situações de ilegalidade em qualquer destas realidades,nomeadamente na última referência, não deixa de ser caricato e de uma coincidência inusitada. Se das investigações não se chegar a nenhuma conclusão, e nada nos diz o contrário, haverá sempre suspeição. A começar pelo visado, que até pode nem ter tido papel activo nas investigações.

Para muitos que fizeram grandes pruridos aquando da contratação do Ex-Ministro das Obras Públicas, Jorge Coelho, pela Mota-Engil, com um período de nojo superior a 10 anos (!!!), e que agora não se manifestou, um conselho: tenham vergonha na cara...

quarta-feira, junho 11, 2008

Artigo Mário Soares

O ponto de vista do nosso fundador sobre a política do outro lado do Atlântico. Não podia concordar mais, os EUA precisam de revigorar a sua influência no Mundo, e Obama, se o deixarem, pode ser a melhor escolha. Sobre ele muito foi dito e escrito, a mim quer-me parecer que a sua sinceridade é a mais-valia dominante, especialmente depois de Bush x 2. Impõe-se uma democracia forte, corajosa, capaz de integrar e não segregar.

O artigo: http://dn.sapo.pt/2008/06/10/opiniao/obama_obama.html

quinta-feira, junho 05, 2008

Luta pela sobrevivência

A disputa interna do PSD terminou com a vitória esperada de Manuela Ferreira Leite, tornando-se assim na primeira mulher a alcançar a liderança de um partido político em Portugal. E as novidades ficam-se por aqui.

A campanha, apesar do inusitado mediatismo que a imprensa dá sempre à luta pelo poder no PSD, não foi capaz de trazer para a agenda política ideias novas ou políticas alternativas. E nesse falhanço que foi transversal a todos os candidatos, a nova líder também saiu a ganhar. Basta recordar a sua relutância inicial em fazer campanha, o que por si só já diz muito do seu perfil introspectivo e da sua incapacidade de transmitir emoções, essenciais à política.

Ferreira Leite vem devolver o seu partido ao passado cavaquista, a uma memória do que já foi, e por isso fica remetida a um futuro comprometido com as inevitáveis comparações que daí advêm. Tal como fica intimamente responsabilizada pelo profundo fracasso de que se revestiu a sua acção governativa no mandato de Durão Barroso, actual José Manuel. Após apregoar uma imagem de controlo das contas públicas e de severa responsabilidade deixou-nos um défice superior a 6% como legado. Legado esse que foi eliminado pelo seu adversário, o nosso camarada José Sócrates, que certamente terá todo o gosto em lhe explicar como se faz.

E este é um ponto essencial da discussão que advirá. O PSD actual, em busca de uma ideologia, não é adversário à altura de um Partido Socialista reformador e inovador. O PSD, nesta altura, deveria preocupar-se em fazer uma catarse interna, espantar os seus males e arrumar a casa. Sob a ameaça de desaparecer da cena política portuguesa. Neste momento, é um partido que luta pela sobrevivência, incapaz de gerar propostas políticas, limitando-se a criticar por criticar um Governo corajoso em afrontar poderes instalados, determinado em criar melhores condições de vida aos portugueses, empenhado em diminuir laxismo e burocracias, a apontar baterias à resolução de problemas deixados em herança por uma maioria de direita.

Um Partido Para Todos

Sempre olhei para a política como uma forma de intervir numa sociedade em constante mudança, capitalizando sinergias e esforços comuns de forma a corrigir assimetrias, encontrar pontos de equilíbrio na diversidade de opiniões e na riqueza das vivências e experiências pessoais.

Acredito na multiplicidade de contributos e sempre olhei para o Partido Socialista como o único partido de esquerda em Portugal respeitador dessas mesmas multiplicidades. E quero crer que as diferentes origens dos meus camaradas constituem uma riqueza evidente para a elaboração de políticas nas mais variadas vertentes capazes de proporcionar crescentes níveis de bem-estar.

Isto vem a propósito do recente comício de algumas esquerdas, que apenas teve algum impacto pela presença de Manuel Alegre, dos mais destacados militantes e com lugar cativo na história do PS. Seria redutor para o próprio falar da sua importância para o nosso partido e para Portugal num texto tão curto como este. Ainda hoje facilmente me emociono ao ouvir a sua voz num disco do saudoso Carlos Paredes em que participa a proclamar poesia, não consigo imaginar o impacto da sua voz antes do 25 Abril para um país oprimido e amordaçado.

Mas nos últimos tempos, não posso compartilhar determinados estados de espírito. O facto de Manuel Alegre ter desempenhado todo o tipo de funções dentro do PS, ficando por concretizar o de Secretário-Geral (em que, aí sim, e mais uma vez, contribuiu para o confronto de ideias aberto e construtivo) não devia dar o direito a todo o tipo de acções, nem que seja por alguma lealdade política a uma instituição que também lhe deu algo, não sendo portanto uma relação de sentido único.

Não concordei com a sua candidatura a PR à margem do Partido, e definitivamente não concordei com esta incursão por uma actividade organizada pelo Bloco de Esquerda e por comunistas divergentes. O Partido Socialista tem espaços de intervenção com diversidade mais do que suficientes para um militante com a qualidade de Manuel Alegre intervir e fazer-se ouvir (e basta ir a um comício onde intervenha para constatar como os socialistas gostam de o ouvir), e até agora, esses locais não têm sido escolhidos, em detrimento de outros onde imperam os soundbytes propagandísticos, à falta de propostas alternativas concretas.

Não tenho capacidades cognitivas que me permitam adivinhar o futuro. Espero que Manuel Alegre não nos deixe, e que continue a fazer o seu papel determinante na democracia portuguesa, mas dentro do Partido. A sua liberdade, como sempre, o decidirá.

segunda-feira, junho 02, 2008

Entrevista de Trichet

Jean Claude-Trichet, por ocasião do 10ºaniversário do Banco Central Europeu, e com novas projecções sobre algumas das variáveis mais em foco na União Europeia ultimamente (crescimento, inflação e desemprego), foca vários temas ligados ao seu mandato, e coloca no ar a hipótese de um aumento da regulação, por forma a evitar comportamentos menos correctos dos privados na economia do mercado, e minorando os desequilíbrios actuais.

A entrevista pode ser lida em:

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/destaque/pt/desarrollo/1129836.html